O governo dos Estados Unidos aprovou na quinta-feira (24) a construção de uma mina de lítio no estado de Nevada, após um processo de revisão de mais de seis anos, que pode ajudar a reduzir o domínio chinês nas cadeias de fornecimento. O mineral é essencial na produção de baterias para carros elétricos.
Localizada a cerca de 360 km de distância de Las Vegas, a mina Rhyolite Ridge será operada pela australiana Ioneer, que receberá empréstimo de US$ 700 milhões (cerca de R$ R$ 3,9 bilhões na cotação atual) do Departamento de Energia dos EUA e investimento de US$ 490 milhões (R$ 2,7 bilhões) da Sibanye Stillwater. Essas quantias serão usadas no financiamento do projeto de exploração da área.
Área na qual será instalada a mina Rhyolite Ridge, em Nevada. (Imagem: Ioneer/Divulgação)Fonte: Ioneer/Divulgação
A construção está prevista para começar em 2025 e a produção a partir de 2028, removendo o elemento químico das terras públicas em quantidades suficientes para alimentar aproximadamente 370 mil veículos elétricos por ano. A Ford é uma das montadoras que se comprometeram a comprar o material, bem como uma joint venture entre a Toyota e a Panasonic.
Utilizado na fabricação de sabões e cerâmicas, o boro também será extraído em Rhyolite Ridge. Quanto ao lítio, o processamento ocorrerá em dois derivados para a produção do componente elétrico, com a empresa planejando reciclar metade da água utilizada na instalação.
Flor rara ameaçada pela mina
A área que abrigará a futura mina de lítio nos EUA também é lar da flor de trigo-sarraceno de Tiehm, ameaçada de extinção e que não existe em nenhum outro local. Por causa disso, grupos conservacionistas se opõem ao projeto da Ioneer, alegando que a mina contribuirá para o desaparecimento da espécie.
Os problemas começaram em 2020, quando 17 mil flores apareceram mortas perto do local de extração de lítio, levantando suspeitas de um ataque premeditado. A Ioneer negou envolvimento com a ação e afirma ter feito mudanças no projeto para se adequar à presença da flor de trigo-sarraceno de Tiehm.
Com a autorização federal para explorar a mina, o Centro para Diversidade Biológica dos EUA (CBD) informou que tentará impedir o avanço do projeto pelos meios legais.