Com um diâmetro de quase 143 mil quilômetros, é natural que Júpiter seja o planeta mais atingido por objetos espaciais perdidos. No entanto, por mais corriqueiros e agudos que sejam, esses flashes indicativos de colisão são dificilmente documentados pelos cientistas, devido à atmosfera muito densa do imenso corpo celeste.
Foi isso que ocorreu no dia 29 de agosto à 1h45 no Japão (13h45 de 28 de agosto no Brasil), quando uma rocha cósmica colidiu com o gigante do sistema solar, provocando um breve flash de luz. O brilho foi detectado primeiramente pelos projetos de observação astronômica OASES e PONCOTS, em Okinawa.
No entanto, coube a um astrônomo amador a façanha de capturar em vídeo este brevíssimo clarão da colisão da rocha espacial em Júpiter. As imagens foram publicadas no perfil MASA Planetary Log, na rede social X (ex-Twitter). Depois que outros observadores confirmaram no X a mesma observação, cientistas irão investigar o tamanho e tipo do objeto, e se ele pertence ou não ao nosso sistema solar.
Atraindo objetos potencialmente perigosos ao Sistema Solar
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????2023?8?29?1:45????28?16:45???https://t.co/UYhnvAmA63https://t.co/Y7nCHtJq4k pic.twitter.com/g0FerdyoVg— MASA Planetary Log (@MASA_06R) August 29, 2023
Embora de rara detecção, as colisões de objetos espaciais errantes em Júpiter são mais comuns do que se imagina. De acordo com especialistas, quedas como a do mês passado ocorrem entre 12 e 60 vezes por ano. Entre esses visitantes ocasionais estão cometas e asteroides invasores, em virtude do tamanho e, principalmente, da fortíssima atração gravitacional do gigante gasoso.
Também contribui para o aumento desse efeito da gravidade joviana, a proximidade do planeta com o cinturão de asteroides, a meio caminho das órbitas do gigante e de Marte. Dessa forma, alguns desses corpos rochosos que orbitam o Sol poderiam ser atraídos para Júpiter ao tentarem uma possível órbita alternativa.
Alguns astrônomos defendem a tese de que o maior planeta do sistema solar presta, na verdade, um serviço de proteção à Terra, ao afastar de nosso planeta essas rochas espaciais desgarradas. É que, pela magnitude de seu tamanho e força gravitacional, Júpiter acaba absorvendo objetos potencialmente perigosos que se aproximam do sistema solar, chegando mesmo a desviá-los de nossa órbita.
Impacto mais famoso em Júpíter: um cometa despedaçado
A destruição do cometa Shoemaker-Levy 9 em Júpiter ocorreu em julho de 1994.Fonte: NASA
Uma descoberta inédita — um cometa orbitando um planeta e não o Sol — foi divulgada pelos astrônomos Carolyn e Eugene M. Shoemaker, juntamente com David Levy no dia 24 de março de 1993.
Mas o deslumbramento durou pouco, pois, pouco mais de um ano depois, o cometa que recebeu o nome de seus descobridores (Shoemaker-Levy 9) colidiu violentamente com o planeta, com uma força equivalente à explosão de 300 milhões de bombas atômicas.
“O efeito das forças de maré de Júpiter já haviam despedaçado o corpo celeste e, eventualmente, os fragmentos colidiram com Júpiter entre 16 e 22 de julho de 1994”, explicou a NASA em um briefing na época.
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