Reduzir a evasão universitária, recompor perdas de até 25% no salário dos técnicos e dar mais publicidade à contribuição da Universidade ao Estado estão entre as principais prioridades elencadas pelos professores José Fragalli e Clerilei Bier, que assumem, respectivamente, a reitoria e a vice-reitoria da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina) a partir de abril de 2004.
Os futuros gestores pretendem facilitar o cadastro e ampliar os recursos destinados ao Prafe (Programa de Auxílio Financeiro aos Estudantes em Situação de Vulnerabilidade Socioeconômica), com aporte de cerca R$ 40 milhões.
O valor, segundo os novos gestores, será deduzido do montante que costuma ser devolvido pela instituição ao Executivo – no último ano, foram R$ 145 milhões. A fatia é proveniente de sobras ou custeios que não foram avalizados pelo Executivo e/ou Legislativo.
O cenário de desistência de alunos na Udesc reflete uma tendência mundial, acredita Fragalli, e se apresenta de forma distinta nas diferentes áreas de ensino. “Em cursos de engenharia, a evasão alcança cerca 20%, e está aumentando. Já na licenciatura, a taxa está acima de 50%”, estimou o futuro reitor em visita ao Grupo ND nesta quinta-feira (14).
Os recursos devem ser direcionados para subsidiar parte dos custos de alimentação e moradia dos alunos. A instituição deve pagar metade do custo dos almoços de alunos cadastrados no programa. “Há questões de curto prazo que mantêm esses alunos: as pessoas precisam comer e ter onde morar. Sem essas duas coisas, fica mais difícil estudar”, pontua o professor.
Além dos desafios impostos pela situação de vulnerabilidade econômica, os gestores veem uma mudança de perfil que se choca com a universidade. “A evasão é também um problema dessa geração, que quer se formar rapidamente e logo entrar no mercado. Mas há cursos são de média duração, com menos de 4 anos ninguém se forma”, ressalta Fragalli.
Gestão quer corrigir defasagem salarial dos técnicos da Udesc
A gestão também prioriza repor as perdas salariais dos cerca de 700 técnicos administrativos da Udesc. “Atualmente um funcionário técnico na Udesc ganha entre R$ 3 mil e R$ 4 mil para ficar 8h na instituição”, ilustra Clerilei Bier. Nos últimos anos, a perda foi de cerca de 25%.
De acordo com a futura vice-reitora, o cenário dificulta a manutenção de servidores na instituição. “A defasagem dos nossos técnicos é tão grande que faltam pessoas interessadas e competentes para vir trabalhar na Udesc. Ao contrário, perdemos profissionais para o mercado”, enfatiza.
“Tivemos um concurso recente para técnico de informática que ficou deserto. O nosso salário está três vezes menor que o do mercado”, demonstra.
A previsão de aumento remuneratório também se ancora no orçamento de R$ 800 milhões previsto para a Udesc no ano de 2024. A execução dos gastos e o uso integral do orçamento dependem da aprovação do governo de Santa Catarina e da Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina).