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Além do calor extremo, El Niño também causa aumento de epidemias e destruição de colheitas – Notícias

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O fenômeno meteorológico El Niño, que acaba de começar, está, em geral, associado ao aumento das temperaturas mundiais.


O aumento natural das temperaturas no oceano Pacífico ocorre em intervalos que variam entre dois e sete anos, e os episódios costumam durar de nove a 12 meses. E, segundo os cientistas, suas consequências podem ir além da esfera exclusivamente climática.





Foi comprovado que doenças de transmissão vetorial, como o dengue e a malária, ampliam suas áreas de contaminação à medida que as temperaturas aumentam.





Os cientistas advertiram que o El Niño, agregado a um aquecimento climático já desastroso, pode agravar a situação.

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“Os antecedentes do El Niño mostraram que estamos assistindo a um aumento e ao aparecimento de um amplo leque de doenças de transmissão vetorial e de outras doenças infecciosas nos trópicos, nas zonas mais afetadas pelo El Niño”, afirmou a diretora de Impactos Climáticos da instituição beneficente Wellcome Trust, Madeleine Thomson.


O aumento decorre de dois efeitos do El Niño: chuvas incomuns, que aumentam o número de criadouros de transmissores, como mosquitos; e temperaturas mais elevadas, que aceleram a transmissão de diversas doenças infecciosas. Em 1998, um fenômeno El Niño coincidiu com uma grande epidemia de malária nas terras altas do Quênia. 


“A chegada do El Niño aumentará, consideravelmente, a probabilidade de se baterem recordes de temperatura e se desencadear um calor mais extremo em muitas regiões do mundo e nos oceanos”, destacou o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, no início de julho.

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As ondas de calor são “assassinas silenciosas” e “de fato provocam a morte de mais pessoas do que qualquer outro tipo de evento meteorológico violento”, disse Gregory Wellenius, diretor de um centro de clima e saúde da Universidade de Boston.





Calcula-se que mais de 61 mil pessoas tenham morrido por causa do calor na Europa no verão passado, quando não havia o fenômeno El Niño.


Julho de 2023 já é o mês mais quente registrado no planeta, quando o efeito pleno do El Niño nas temperaturas mundiais se manifesta, em geral, apenas no ano seguinte ao início do fenômeno.

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“Em um ano com fenômeno El Niño, há países com mais risco de ter colheitas ruins. É o caso do sul e sudeste da Ásia”, disse Walter Baethgen, do Instituto Internacional de Pesquisa para Clima e Sociedade.





Isso pode afetar, em especial, a produção mundial de arroz, muito sensível às condições climáticas. 


A Índia, a maior exportadora mundial de arroz, já havia anunciado no mês passado que limitaria suas exportações pelos estragos causados pelas monções irregulares. 


No início de agosto, o Canal do Panamá, por onde transitam 6% do comércio marítimo mundial, anunciou que a baixa pluviosidade — algo que meteorologistas dizem ter sido agravado pelo El Niño — obrigou os operadores a restringir o tráfego por temores de seca. A medida pode reduzir a receita em US$ 200 milhões (R$ 998 milhões, na cotação atual).


Um estudo publicado na revista Science, em maio, estimou que, no passado, os episódios do El Niño tenham custado à economia mundial mais de US$ 4 trilhões (R$ 19,9 trilhões) nos anos posteriores. 


Os impactos do El Niño e do aquecimento climático devem “causar US$ 84 trilhões [R$ 419,1 trilhões] em perdas econômicas no século 21”, segundo esse estudo.


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