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Inclusão em xeque? O que esperar para D&I em 2025

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Em 2025, as políticas de Diversidade e Inclusão serão como um rio em constante transformação, guiado por diferentes correntes: a pressão da sociedade, as mudanças tecnológicas e as questões políticas. Afinal, investir em D&I já não é um consenso no mercado.

Muitas empresas se comprometerem publicamente com metas de diversidade, especialmente após eventos como o assassinato de George Floyd, que impulsionaram uma onda de reformas e ações afirmativas, particularmente nos Estados Unidos. Porém, nos últimos tempos, algumas grandes empresas têm dado passos atrás em seus compromissos com a diversidade.

Gigantes como Google, Meta, John Deere, Harley-Davidson, Walmart e McDonald”s reduziram ou até descontinuaram suas iniciativas de D&I. Esse recuo é um reflexo de um cenário político e cultural cada vez mais polarizado, onde as políticas de D&I, especialmente nos Estados Unidos, têm sido alvo de intensos debates. Em alguns casos, críticas afirmam que essas iniciativas promovem “discriminação reversa” ou são desnecessárias.

Mas o cenário deste ano promete ser de adaptação, com novas alternativas para manter os ambientes empresariais em evolução na busca do equilíbrio que beneficie a todos. Exemplos como a Apple, Costco e Delta Airlines mostram que é possível fortalecer o compromisso com a diversidade, reconhecendo que essas políticas são fundamentais não apenas para atrair e reter talentos, mas também para criar uma cultura organizacional mais forte e inovadora. Hoje, proponho explorarmos as principais tendências e o que podemos esperar para os próximos meses.

O impacto das mudanças políticas e legais

Nos Estados Unidos, a administração Trump tentou enfraquecer programas de diversidade no governo, defendendo que tais iniciativas criavam uma cultura de “preferência racial” e buscando restaurar um sistema de contratação “baseado em mérito”. A imposição de um fim aos programas D&I foi formalizada com uma ordem executiva que cortava o financiamento de iniciativas em agências federais, gerando um debate intenso.

Além disso, a decisão histórica da Suprema Corte dos EUA em 2023, que derrubou as ações afirmativas baseadas em raça nas admissões universitárias, trouxe novos desafios para as políticas de D&I, afetando diretamente as estratégias de inclusão nas instituições de ensino e, consequentemente, nas empresas. A busca por um modelo “colorblind”, que ignora as questões raciais em favor de uma abordagem puramente meritocrática, ganha força, embora com consequências complexas e controversas.

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No Brasil, é claro que temos nosso próprio cenário socioeconômico, político e cultural. A necessidade de enfrentar desafios estruturais relacionados à desigualdade racial, social e de gênero, tornam a agenda de D&I uma questão imprescindível para o desenvolvimento do país. Entretanto, com diversas empresas multinacionais, não podemos fechar os olhos para o quanto os caminhos das gigantes americanas influenciam nosso mercado.

“Ou seja, para 2025, as mudanças políticas internacionais seguirão apresentando mudanças e desafios para as empresas que decidem manter o posicionamento favorável às questões de diversidade e inclusão.”

Isso exigirá que elas se posicionem com clareza e estratégia, desenvolvendo abordagens mais robustas e proativas. Afinal, as pressões externas e internas exigem que essas empresas reavaliem e, em muitos casos, redobrem seu compromisso com um mundo mais justo e igualitário.

Refugiados climáticos e políticos

Por falar em influência geopolítica, a crise dos refugiados será uma questão de destaque para a D&I em 2025, alimentada tanto por conflitos políticos quanto por desastres climáticos. Refugiados climáticos, deslocados por eventos como enchentes, secas e aumento do nível do mar, agregarão desafios a uma já grave crise migratória.

As empresas terão um papel importante ao criar ambientes inclusivos para acolher essas populações, com políticas de contratação que valorizem suas experiências e ofereçam suporte para sua integração social e profissional.

Iniciativas como programas de capacitação, reconhecimento de qualificações internacionais e suporte psicológico serão essenciais. Organizações comprometidas com os direitos humanos poderão colaborar com governos e ONGs para apoiar diretamente esse grupo, demonstrando liderança e posicionamento ético em tempos de crise. Essa tendência também reforça a importância de tratar a diversidade de crenças e religiosidades, abordando conflitos baseados em fé ou falta dela.

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A conexão entre ESG e D&I: racismo ambiental e crédito de carbono

A integração da agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) e D&I também será um marco em 2025. Especialmente no que diz respeito à governança da cadeia de fornecedores e ao combate ao racismo ambiental. O racismo ambiental refere-se ao impacto desproporcional das mudanças climáticas em comunidades marginalizadas, muitas vezes localizadas em regiões vulneráveis.

A regulação crescente do mercado de crédito de carbono oferece uma oportunidade significativa para enfrentar essas desigualdades. As empresas podem investir em créditos de carbono direcionados a iniciativas que beneficiem diretamente as comunidades afetadas por desastres ambientais. Exemplos incluem:

  • Projetos de reflorestamento em áreas habitadas por populações vulneráveis, criando empregos e infraestrutura local.
  • Transição energética inclusiva, com investimentos em energia renovável em comunidades marginalizadas, proporcionando acesso a fontes limpas de energia.
  • Educação e capacitação em sustentabilidade para ajudar essas populações a se integrarem à economia de baixo carbono.

Essas iniciativas fortalecerão tanto os objetivos de sustentabilidade quanto os de inclusão, criando um impacto socioambiental positivo e alinhando as empresas a um futuro mais responsável e equitativo.

Diversidade cognitiva como pilar de criatividade e inovação

A diversidade cognitiva, que envolve diferentes formas de pensar, resolver problemas e abordar desafios, ganhará mais atenção em 2025. Empresas reconhecem que equipes com diversidade cognitiva têm maior capacidade de inovar, adaptar-se e criar soluções criativas para desafios complexos.

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Empresas diversas e inovadoras, podem ajudar a construir um caminho para um futuro mais igualitário. (Fonte: Getty Images)Fonte: Getty Images

Outro benefício de incluir diversos estilos de pensamento é visto na gestão de conflitos e no fortalecimento das relações interpessoais no ambiente de trabalho. Em contextos corporativos, muitas vezes as pessoas tendem a se aproximar de quem pensa de forma semelhante, criando bolhas de pensamento que limitam o debate saudável. Essa tendência pode gerar conflitos, especialmente quando opiniões divergentes são confrontadas.

A diversidade cognitiva, portanto, oferece uma oportunidade para superar esse desafio, ajudando os colaboradores a aprenderem a lidar com perspectivas diferentes de maneira construtiva. Isso promove um ambiente de trabalho mais colaborativo e harmônico.

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IA, Transparência e Métricas em D&I

A medição eficaz das iniciativas de D&I será essencial para quem busca defender esse posicionamento em 2025. Devemos esperar por empresas investindo em sistemas para monitorar e relatar seu progresso, utilizando dados quantitativos e qualitativos para medir a eficácia das suas ações de D&I, analisando métricas como salários, taxas de retenção e diversidade nas diferentes áreas da organização.

A inteligência artificial e automação têm o poder de ser uma grande aliada na criação de ambientes mais inclusivos. Ferramentas baseadas em IA podem ajudar a eliminar vieses em processos de recrutamento, promovendo uma seleção mais justa e equitativa. Além disso, a tecnologia pode apoiar o desenvolvimento de carreira para grupos sub-representados, oferecendo treinamentos personalizados e oportunidades de crescimento dentro das organizações.

Espiritualidade, diversidade de crenças e religiosidades

A diversidade de crenças e a espiritualidade no ambiente de trabalho também ganharão maior relevância. Com o aumento de tensões religiosas e polarização em várias partes do mundo, as empresas precisarão adotar práticas de inclusão que garantam o respeito pelas diferentes crenças, incluindo a não crença.

Adotar práticas inclusivas que respeitem as diversas formas de espiritualidade pode fortalecer a coesão e a colaboração dentro das organizações. Estratégias de integração incluem:

  • Códigos de conduta claros, proibindo discriminação religiosa e promovendo o diálogo inter-religioso.
  • Programas de letramento sobre diversidade religiosa e espiritualidade para ampliar a compreensão e reduzir preconceitos.
  • Espaços de diálogo inter-religioso que permitam aos colaboradores compartilhar suas crenças de maneira respeitosa.

Diversidade etária e geracional

O foco na diversidade etária será ainda mais forte em 2025, especialmente em relação à interação da geração Z com outras gerações no local de trabalho. E podemos ver os impactos dessa discussão para muito além do ambiente corporativo, o que só tende a reforçar a importância da representatividade em todas as esferas.

Um exemplo do quanto o tema está em alta este ano é o BBB 25. A participante Joselma Silva, de 54 anos, entrou em dupla com o genro e já representam a dupla que mais ganhou seguidores no Instagram desde o início do programa. Estamos falando de um crescimento de 6.095%, segundo a Nexus. A dona de casa somava apenas 251 seguidores, e agora possui mais de 49 mil.

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O ano de 2025 vai pedir uma maior adaptação para a diversidade e inclusão nas empresas no Brasil e no mundo. (Fonte: Getty Images)Fonte: Getty Images

Pode parecer um assunto distante, mas isso demonstra o quanto as pessoas estão interessadas em acompanhar o contraste de gerações. As diferenças geracionais oferecem uma rica oportunidade de aprendizado e inovação, e por isso, é importante que as empresas adaptem suas políticas para garantir um ambiente intergeracional harmonioso e produtivo.

A influência do G20 na agenda de D&I

Para finalizar, devemos ficar de olho nos resultados da reunião do G20 no Brasil, que aconteceu em novembro de 2024. Na cúpula, os líderes mundiais discutiram temas como mudanças climáticas, desigualdade social e imigração, incentivando a adoção de práticas de inclusão mais robustas por empresas globais.

A diversidade e a inclusão continuam sendo um ponto de interesse para o sucesso estratégico das organizações. As empresas que adotam práticas inclusivas não só contribuem para um mundo mais justo, mas também se posicionam como líderes em inovação, sustentabilidade e resiliência.

O desafio estará em integrar essas práticas de forma estratégica, enfrentando resistências políticas e culturais, e gerando resultados financeiros e sociais positivos.Acredito que vale ter em mente que, mesmo com um orçamento reduzido, é possível desenvolver iniciativas que favoreçam o bem-estar e o sentimento de inclusão entre os colaboradores, gerando conscientização e incentivando uma cultura de respeito no ambiente de trabalho. Jamais devemos nos esquecer que estamos falando de pessoas, e em cada individualidade encontramos um novo jeito de reinventar o coletivo!

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