ANUNCIO

Motoristas agem na clandestinidade dos apps para extorquir passageiros em Florianópolis

ANUNCIO

À sombra da praticidade dos aplicativos de mobilidade, a clandestinidade vem se agravando na Grande Florianópolis. No último fim de semana, marcado por feriado estendido para parte da população, o cenário voltou a se repetir no aeroporto e na rodoviária da capital.

Alertas estão espalhados pelo Terminal Rodoviário Rita Maria - Paulo Mueller/NDTV/Divulgação/ND
Alertas estão espalhados pelo Terminal Rodoviário Rita Maria – Paulo Mueller/NDTV/Divulgação/ND

Transporte Pirata e o alerta na rodoviária; pouco efetivo - Paulo Mueller/NDTV/Divulgação/ND
Transporte Pirata e o alerta na rodoviária; pouco efetivo – Paulo Mueller/NDTV/Divulgação/ND

Munida de intermináveis denúncias e evidências, a reportagem do Grupo ND foi a campo e se submeteu à prática abusiva que vem sendo comum em Florianópolis, diante da pouca oferta de veículos. Além da clandestinidade da proposta, há a ilegalidade de superfaturar os valores.

A escassez, geralmente, está atribuída à alta demanda. Rodoviária e aeroporto, por exemplo, estão diariamente sujeitos a ação de aproveitadores que misturam a ilicitude com a extorsão.

ANUNCIO

A reportagem também teve acesso a relatos que dão conta dessa mesma prática em meio à madrugada e a grandes eventos realizados na região.

No último dia 20 de setembro, a coluna Bom Dia trouxe só mais um exemplo de uma prática que se mostra recorrente em pontos estratégicos da Grande Florianópolis.

Corrida pirata

É considerada clandestina, ou pirata, toda e qualquer corrida que aconteça por fora do aplicativo. Atualmente a modalidade mais comum nesse tipo de irregularidade ainda diz respeito aos próprios motoristas de aplicativo que, com o sistema “off”, combinam os percursos – e os preços – diretamente com o passageiro.

O motorista, com essa postura, ganha poder de barganha diante da escassez da corrida e ainda se livra das taxas praticadas pelas empresas.

Foi o que admitiu o motorista ouvido pela reportagem. No último domingo (15), já no período da noite, menos de 10 minutos no Terminal Rodoviário Rita Maria foram suficientes para que o primeiro motorista “pirata” fizesse a abordagem.

“Vai para onde, jovem?”, indagou um homem de boné que se identificou como motorista. Ao ouvir a resposta, o motorista avaliou o destino como negativo e, pouco depois, repassou a um segundo motorista que topou o desafio.

Plataforma da uber mostra o valor da corrida da rodoviária até o beira-mar shoppingEm corrida entre a rodoviária e o shopping Beiramar; custo, por fora do aplicativo, mais que dobra – Foto: Uber/divulgação/ND

Do terminal rodoviário até o Beiramar shopping, percurso inferior a 4 quilômetros, o condutor cobrou R$ 25. Para se ter uma ideia, via aplicativo de corrida, os valores variavam entre R$ 11 e R$ 13, via Uber e via 99, conforme consultado no mesmo momento.

ANUNCIO

Questionado sobre o valor pedido, o motorista revelou que “dificilmente [o passageiro] conseguiria corrida para sair do local de destino” e, ainda, que teria que “dar uma baita volta lá na Mauro Ramos” a fim de voltar ao terminal rodoviário.

Prática recorrente

O motorista, indagado pelo passageiro-repórter, ainda conta que dentro da rodoviária “só atua por fora do aplicativo”, e que os custos envolvidos pelas empresas “não sustenta ninguém”.

O condutor ainda exemplificou o caso de uma senhora que solicitou uma corrida para a Lagoa da Conceição, onde ele rejeitou o valor oferecido pela Uber, e estipulou o preço de R$ 60. O argumento era de que precisava “subir um baita morro e ter que voltar”.

Ouça:

Relatos de assédio de passageiros

Conversa pelo aplicativo que comprova a extorsão – Foto: Uber/Divulgação/NDConversa pelo aplicativo que comprova a extorsão – Foto: Uber/Divulgação/ND

Outra denúncia recebida pela reportagem diz respeito ao corporativismo em que os “profissionais” atuam. Era final de um tradicional evento na Passarela Nego Quirido, em Florianópolis, quando uma foliã testemunhou um “combinado” entre os motoristas.

“Era um cartel. Foi a primeira vez que eu vi aquilo, mas eu fiquei um pouco chocada. Depois fiquei sabendo que é uma prática comum, mas nós nos sentimos vulneráveis, até pelo local que é perigoso”, relembrou.

ANUNCIO

A vítima da ação ainda enumerou mais episódios, esses mais recentes, em que a mesma condição foi imposta em circunstância semelhante: fim de festa, madrugada e escassez de condutores.

“Eu preferi pagar um pouco mais para um táxi, paguei um pouco caro, mas prefiro pagar um taxista honesto do que esses caras aí que se aproveitam da vulnerabilidade dos clientes”, acrescentou.

Rodoviária e aeroporto

As justificativa da rodoviária, bem como o aeroporto, são semelhantes. Ambas administrações dos locais optam pela educação e conscientização dos usuários sobre os perigos do uso de carona por fora do app.

No terminal rodoviário, inclusive, há banners de alerta, além do sistema de som que frequentemente alerta os riscos de corridas clandestinas.

Situação no Aeroporto Internacional de Florianópolis – Foto: Divulgação/NDSituação no Aeroporto Internacional de Florianópolis – Foto: Divulgação/ND

De acordo com o responsável pela administração do terminal, Glédson Gaudereto, por não ter poder de polícia, não há muito o que ser feito por parte da administração do local.

Ele revela, no entanto, que câmeras foram implantadas em pontos estratégicos e fiscais atuam na orientação do fluxo, mas lembra, que a administração não pode fazer muito nesses casos.

“A gente pode pedir para que o condutor desocupe a vaga ou desobstrua o trânsito, mas se ele quiser ficar ali, nós não podemos fazer nada. Não temos poder de polícia e nem de autuação”, pontua.

Gaudereto ainda lembra que o espaço da rodoviária é público e não há como controlar quem entra ou quem sai do local.

O que diz a Guarda Municipal

A reportagem entrou em contato com a GMF (Guarda Municipal de Florianópolis) ao longo desta segunda-feira (16) mas, até o fechamento da matéria, não obteve retorno.

Ilegal e perigoso

Por mais convidativo que, por vezes, possa soar ter um carro para fazer você chegar logo ao seu destino, lembre-se que é uma corrida “pirata”, e, portanto, os riscos são sempre altos, ainda que camuflados.

O passageiro, diante dessa situação, está desprotegido, caso aconteça algum acidente durante a viagem, ficando ele dependente do motorista para arcar com as despesas médicas.

Fora o risco de segurança contra eventuais crimes cometidos contra o passageiro, pois ele deixa de estar amparado pelo monitoramento da plataforma.

Segundo a ANTT, conforme a resolução nº 4.287/14, uma viagem clandestina estará sujeita a apreensão do veículo por 72h e multa no valor de R$ 7.428,32.

ANUNCIO

Deixe um comentário