O elemento de número três na tabela periódica está em todos os lugares. Descoberto em meados dos anos 1800, metal alcalino é tão importante para a indústria energética, tecnológica e até médica, que um desabastecimento poderia ocasionar um apagão de diversas áreas. O lítio está em todos os lugares.
Apesar de ser um metal, ele não é encontrado naturalmente nesse estado, sendo necessário um processo de “refino” para obtê-lo. Mas ele é abundante em outras formas, processado as toneladas todos os anos. Quer saber mais? Venha descobrir sobre o terceiro elemento da tabela periódica.
Tem brasileiro na história
Em meados dos ano 1800, José Bonifácio de Andrada e Silva, naturalista brasileiro que estudava a química dos minerais, encontrou uma pedra esbranquiçada, a petalita. Composta por alumínio e um elemento secundário, ainda desconhecido, essa pedra possuía algumas características interessantes quando exposta ao fogo.
Quando pulverizadas e expostas às chamas, labaredas avermelhadas eram produzidas, denotando a presença de outro componente ainda desconhecido, visto que minerais já identificados, como o potássio, produziam chama azulada.
Mas o mistério permaneceu até 1817. Johan August Arfwedson, químico suíço, observou as propriedades da petalita e tentou isolar o componente por meio de eletrólise, no entanto, sem sucesso. Ainda que não tenha conseguido obter uma amostra pura, ele nomeou o novo elemento como lítio, que origina da palavra ‘lithos’, que significa pedra.
Foi só em 1821, que pela primeira vez, uma pequena quantidade pôde ser isolada. Mas ainda foram necessários 34 anos até que uma amostra grande o suficiente fosse obtida para que estudos mais robustos pudessem ser feitos com o elemento. Quem realizou o feito foram os cientistas Robert Bunsen e Augustus Matthiessen, em 1855.
O elemento multiuso
Desde a sua descoberta o lítio tem sido testado nas mais diversas frentes. As mais usuais estão agora na sua mão. Se você está lendo pelo celular, notebook ou computador, há pelo menos um componente que utiliza o lítio, geralmente as baterias ou ligas metálicas.
Na natureza, o lítio é encontrado ‘misturado’ em rochas como a petalita, pegmatitos, entre outras rochas e minerais. Em menores quantidades, é possível encontrá-lo inclusive em salmouras.
Para ser isolado, as rochas são processadas e passam por uma separação do “sal” de lítio. O cloreto de lítio então é eletrolisado, formando o metal. Em sua forma metalizada ele é utilizado em componentes de bateria, ligas de metálicas junto a outros metais, como o alumínio e magnésio.
Essas ligas são leves e resistentes, podendo ser utilizadas para fabricação de bicicletas, componentes de carenagem de automóveis e aviões. Mas há outros dois usos bastante interessantes.
O terceiro elemento da tabela periódica também pode ser utilizada na indústria de lubrificantes! Algumas graxas e lubrificantes utilizam lítio, que confere um aspecto de resistência à água, suportam altas temperaturas, além de auxiliar para o resfriamento dos mecanismos onde são aplicados.
E se você chegou até aqui se perguntando se esse lítio é o mesmo utilizado nas medicações psiquiátricas, você acertou! O carbonato de lítio é utilizado para pacientes com transtorno bipolar, ou outras condições psiquiátricas.
Em 1940, o cloreto de lítio era utilizado como substituto para o sal em algumas cozinhas (vamos deixar os julgamentos de lado), e percebeu-se que em altas quantidades, poderia ser tóxico para os seres humanos.
Contudo, John Cade, médico australiano, resolveu testar doses menores em porquinhos-da-índia. Ele percebeu que em pouco tempo de exposição, até mesmo os animais mais “raivosos” ficaram mais tranquilos e receptivos.
Ele então decidiu testar doses semelhantes em seus pacientes que apresentavam comportamento agressivo. O resultado se repetiu.
Quem diria que uma chama vermelha resultaria em um dos elementos mais úteis e amplamente utilizados do mundo?
Haja lítio
As principais fontes de lítio no mundo são originárias da Austrália, Chile e China. O Brasil também produz uma certa quantidade do elemento, no entanto, corresponde a uma parcela ínfima.
Ainda que seja encontrado com certa facilidade, seu processamento não é algo tão simples. Ao considerarmos que grande parte da tecnologia de armazenamento de energia é baseada em células de lítio, futuramente podemos ter problemas.
Além disso, ainda que o elemento seja conhecido há séculos, não se sabe ao certo os efeitos biológicos que o lítio possa causar nos mais diversos organismos. Assim, temos diversos desafios a serem enfrentados e manejados para menor impacto na saúde e no meio ambiente.
Algumas pesquisas já tem pensado em formas de reciclar e reaproveitar as células de lítio descartadas, com foco na diminuição do impacto ambiental e como forma de reaproveitar o material já processado, mas será necessária mais pesquisas e formas mais baratas para que esse processo seja possível.
Enquanto isso, que haja lítio para que todas nossas expectativas e projetos futuros possam ser realizados.
Ficou curioso sobre o papel do Brasil na obtenção do lítio? Então aproveite para entender, o porquê precisamos desenvolver nossa tecnologia para produzir mais, sem destruir tanto o meio ambiente. Gostou de saber mais sobre a “palha de aço” dos elementos? Fique atento às próximas surpresas da tabela periódica. Até mais.