O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quarta-feira (11) uma política fiscal mais restritiva nos países para auxiliar o trabalho de política monetária e reduzir o risco de instabilidade financeira. Ele ressaltou que o esforço feito pelo Brasil nesse sentido levou a uma melhora na confiança.
Em uma declaração durante a reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, no Marrocos, Haddad destacou a importância de consolidação fiscal para garantir que a dívida pública permaneça em trajetória sustentável e citou os níveis elevados de endividamento em diversos países após a pandemia.
“No atual ambiente de inflação, uma política fiscal mais restritiva pode ajudar a política monetária a reequilibrar a oferta e a demanda, reduzindo a necessidade de taxas mais elevadas durante mais tempo e, portanto, o risco de instabilidade financeira”, disse Haddad em sua declaração, disponibilizada no site do FMI.
O ministro mencionou a aprovação do novo arcabouço fiscal e a apresentação de medidas de receita que têm como finalidade zerar o déficit primário do governo brasileiro em 2024. Ele argumentou que o objetivo das iniciativas não é aumentar a carga tributária, mas sim recuperar o nível de arrecadação e levá-lo ao patamar que prevaleceu nos últimos anos, de 19% do PIB (Produto Interno Bruto).
“Como resultado dessas e de outras medidas, a confiança na sustentabilidade da dívida do Brasil melhorou”, afirmou.
Na declaração, Haddad afirmou que a atividade global parece ter perdido dinamismo nos últimos meses e deve desacelerar ainda mais nos próximos anos, com risco para mercados emergentes.
Para ele, o enfrentamento desse cenário deve ser feito a partir de uma ampliação da integração econômica entre os países.
“Um passo essencial é garantir que a representação dos mercados emergentes e as economias em desenvolvimento, onde vive a maior parte da população mundial, na governança das principais organizações multilaterais, reflita seu peso crescente na economia global.”
Nesse sentido, o ministro defendeu uma ampliação da participação acionária de países em desenvolvimento no FMI para espelhar a atual realidade econômica global, afirmando que há membros sub-representados. Ele disse que fechar prematuramente um acordo de governança do FMI poderia enviar um sinal equivocado.
“A não realização de quaisquer progressos no sentido do realinhamento das cotas e de uma governança mais representativa do FMI abriria um precedente perigoso e enviaria um sinal muito negativo sobre o compromisso dos membros em reforçar o multilateralismo”, declarou.
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