As explosões de pagers no Líbano teriam sido causadas por detonadores implantados por Israel nos dispositivos de comunicação, de acordo com informações obtidas pelo The New York Times. O número de mortos subiu para 12, após as atualizações do caso divulgadas nesta quarta-feira (18).
Fontes ouvidas pelo jornal, incluindo autoridades com acesso às investigações do incidente e um oficial dos Estados Unidos, disseram que os pagers foram comprados pelo Hezbollah junto à Gold Apollo, sediada em Taiwan. A empresa, por sua vez, afirma que os equipamentos eram produzidos pela BAC Consulting KFT, da Hungria.
Em um ataque à cadeia de suprimentos, esses equipamentos teriam sido adulterados por agentes do Mossad, serviço de inteligência israelense, conforme a reportagem. A interceptação permitiu a implantação de carga explosiva de aproximadamente 50 g, além de um interruptor para facilitar a detonação remota.
O Hezbollah encomendou mais de 3 mil pagers à Gold Apollo, distribuídos entre os membros do grupo no Líbano e aliados baseados na Síria e no Irã. Os equipamentos substituíram os smartphones para evitar o rastreamento feito por Israel, uma vez que não contam com sistema de geolocalização.
Explosões coordenadas
A operação incluiu uma estratégia para aumentar o grau de letalidade das explosões. Por volta das 15h30 (horário local), os bipes, como esses equipamentos são chamados no Brasil, emitiram um sinal de mensagem recebida, supostamente enviada pela liderança da organização paramilitar.
Isso fez com que mais pessoas se aproximassem dos dispositivos ou os manuseassem na hora da explosão, segundo o relatório. Momentos após a mensagem falsa, a carga implantada foi detonada, deixando cerca de 2,8 mil feridos em várias regiões do Líbano, além de causar as mortes já mencionadas.
Em entrevista à Reuters, um representante do Hezbollah, que não teve a identidade revelada, comentou que a explosão dos pagers foi a maior falha de segurança sofrida pelos combatentes desde o início dos conflitos em Gaza, em outubro do ano passado. Eles têm agido em apoio ao grupo palestino Hamas.
Até o momento, as autoridades israelenses não se pronunciaram sobre as alegações de que o país estaria por trás do ataque.